A Ordem foi fundada por Hugo de Payens em 1118, com o apoio de mais 8
cavaleiros e do rei Balduíno II de Jerusalém, após a Primeira Cruzada, com a
finalidade de proteger os peregrinos que se dirigiam a Jerusalém, vítimas em
todo o percurso de ladrões e, já na Terra Santa, dos ataques que os muçulmanos
faziam aos reinos cristãos que as Cruzadas haviam fundado no Oriente.
Oficialmente aprovada pelo Papa
Honório II em torno de 1128, a ordem ganhou isenções e privilégios, dentre os
quais o de que seu líder teria o direito de se comunicar diretamente com o
papa. A Ordem tornou-se uma das favoritas da caridade em toda a cristandade, e
cresceu rapidamente tanto em membros quanto em poder; seus membros estavam
entre as mais qualificadas unidades de combate nas Cruzadas e os membros
não-combatentes da Ordem geriam uma vasta infraestrutura econômica, inovando em
técnicas financeiras que constituíam o embrião de um sistema bancário, e
erguendo muitas fortificações por toda a Europa e a Terra Santa.
A regra dessa ordem religiosa de
monges guerreiros (militar) foi escrita por São Bernardo. A sua divisa foi
extraída do livro dos Salmos: "Non nobis Domine, non nobis, sed nomine Tuo
da gloriam" (Sl. 113,9 - Vulgata Latina) que significa "Não a nós,
Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória".
O seu crescimento vertiginoso, ao
mesmo tempo que ganhava grande prestígio na Europa, deveu-se ao grande fervor
religioso e à sua poderosa força militar. Os Papas guardaram a Ordem
acolhendo-a sob sua imediata proteção, excluindo qualquer intervenção de
qualquer outra jurisdiçãofosse ela secular ou episcopal. Não foram menos
importantes também os benefícios temporais que o Ordem recebeu dos soberanos da
Europa.
A primeira sede dos Cavaleiros
Templários, a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, o Monte do Templo. Os Cruzados
chamaram-lhe de o Templo de Salomão, como ele foi construído em cima das ruínas
do Templo original, e foi a partir desse local que os cavaleiros tomaram seu
nome de Templários.
As Cruzadas foram guerras
proclamadas pelo papa, em nome de Deus, e travadas como se fossem uma
iniciativa do próprio Cristo para a recuperação da propriedade cristã ou em
defesa da Cristandade. A Primeira Cruzada foi pregada pelo papa Urbano II, no
Concílio de Clermont, em 1095. A sua justificativa tinha como fundamento a
recuperação da herança de Cristo, restabelecer o domínio da Terra Santa e a
proteção dos cristãos contra o avanço dos veneradores do Islã. Esta dupla
causa foi comum a todas as outras expedições contra as terras pertencentes aos
reinos de Alá e, desde o princípio, deram-lhes o caráter de peregrinações.
"Um Cavaleiro Templário é
verdadeiramente, um cavaleiro destemido e seguro de todos os lados, para sua
alma, é protegida pela armadura da fé, assim como seu corpo está protegido pela
armadura de aço. Ele é, portanto, duplamente armado e sem ter a necessidade de
medos de demônios e nem de homens."
Bernard de Clairvaux, c. 1135, De Laude Novae Militae—In Praise of the
New Knighthood
As cruzadas tomaram Antioquia
(1098), Jerusalém (1099), e estabeleceram o principado de Antioquia, o condado
de Edessa e Trípoli, e o Reino Latino de Jerusalém, os quais sobreviveram até
1291. A esta seguiram-se a Segunda Cruzada (1145-48) e a Terceira (1188-92) no
decorrer da qual Chipre caiu sob domínio latino, sendo governado por europeus
ocidentais até 1571. A Quarta Cruzada (1202- 04) desviou-se do seu curso,
atacou e saqueou Constantinopla (Bizâncio), estabelecendo domínio latino na
Grécia. A Quinta Cruzada (1217- 21) foi a primeira do rei Luís IX da França.
Contudo, houve também um grande número de empreendimentos menores (1254 -91), e
foram estes que se converteram na forma mais popular de cruzada.
O poder da Ordem tornou-se tão
grande que, em 1139, o papa Inocêncio II emitiu uma bula, Omne datum optimum,
declarando que os templários não deviam obediência a nenhum poder secular ou
eclesiástico, apenas ao próprio papa.
Mais tarde outros privilégios
foram-lhes dados através das bulas Milites Templi em 1144 e Militia Dei em
1145.
Em 14 de Outubro de 1229 o papa
Gregório IX redige uma outra bula, Ipsa nos cogit pietas, dirigida ao mestre e
cavaleiros da ordem do Templo que os isenta de pagarem as décimas para as
despesas da Terra Santa atendendo "à guerra continua que sustentavam
contra os infiéis arriscando a vida e a fazenda pela fé e amor de Cristo".
Um contemporâneo (Jacques de
Vitry) descreve os Templários como "leões de guerra e cordeiros no lar;
rudes cavaleiros no campo de batalha, monges piedosos na capela; temidos pelos
inimigos de Cristo, a suavidade para com Seus amigos".
Levando uma forma de vida austera,
não tinham medo de morrer para defender os cristãos que iam em peregrinação a
Terra Santa. Como exército nunca foram muito numerosos: aproximadamente não passavam
de 400 cavaleiros em Jerusalém no auge da Ordem. Mesmo assim, foram conhecidos
como o terror dos maometanos. Quando presos rechaçavam com desprezo a liberdade
oferecida em troco da apostasia, permanecendo fiéis à fé cristã.
Crescimento da ordem e a perda de sua missão
Com o passar do tempo a ordem
ficou riquíssima e muito poderosa: receberam várias doações de terras na
Europa, ganharam enorme poder político, militar e econômico, o que acabou
permitindo estabelecer uma rede de grande influência no continente.
Também começaram a ser admitidas
na ordem, devido à necessidade de contingente, pessoas que não atendiam aos
critérios que eram levados em conta no início. Logo, o fervor cristão, a vida
austera e a vontade de defender os cristãos da morte deixaram de ser as
motivações principais dos cavaleiros templários.
As derrotas sofridas pela ordem
reforçaram a ideia nos altos escalões do clero de que os templários já não
cumpriam sua missão de liberar e proteger os caminhos para Jerusalém. A
principal derrota aconteceu em 1291, quando os muçulmanos conquistaram São João
de Acre, a última cidade cristã na Terra Santa, o que levou o deslocamento de
muitos de seus membros de volta à Europa. A partir desse período começam as
perseguições pelo rei Felipe, o Belo, que, incomodado pela autonomia e poder da
ordem, toma diversas medidas para dominá-la. Sem alcançar seus objetivos,
decreta a dissolução da ordem, a prisão de seus líderes que, depois de
interrogatórios, são condenados a morrer na fogueira em 18 de março de 1314.
Aproximação com o Estado e a Igreja Católica
Templários condenados à fogueira
pela Santa Inquisição.
Filipe IV de França pensou em
apropriar-se dos bens dos Templários, e por isso havia posto em andamento uma
estratégia de descrédito, acusando-os de heresia.
A ordem de prisão foi redigida em
14 de Setembro de 1307 no dia da exaltação da Santa Cruz, e no dia 13 de
Outubro de 1307 (uma sexta-feira) o rei obrigou o comparecimento de todos os
templários da França. Os templários foram encarcerados em masmorras e
submetidos a torturas para se declararem culpados de heresia, no pergaminho
redigido após a investigação dos interrogatórios, no Castelo de Chinon, no qual
Filipe IV de França(Felipe, o Belo), influenciado por Guilherme de Nogaret
havia prendido ilicitamente o último grão-mestre do Templo e alguns altos
dignitários da Ordem.
O Pergaminho de Chinon atesta que
o Papa Clemente V esteve para absolver os templários das acusações de heresia,
evidenciando, assim, que a queda histórica da Ordem deu-se por causa da perda
dessa sua vontade e de razões de oportunismo político que a ultrapassaram.
Dela se aproveitou Filipe, o Belo,
para se apoderar dos bens da Ordem, acusando-a de ter se corrompido. Ele
encarcerou os Superiores dos Templários, e, depois de um processo iníquo, os
fez queimar vivos, pois obtivera deles confissões sob tortura, que eram
consideradas nulas pelas leis da Igreja e da Inquisição, bem como pelos
Concílio de Vienne (França) em 1311 e Concílio regional de Narbona (França) em
1243.
Da Sentença do Papa Clemente V aos nossos dias
Filipe IV da França.
O chamado "Pergaminho de
Chinon" ao declarar que Clemente V pretendia absolver a Ordem das
acusações de heresia, e que poderia ter dado eventualmente a absolvição ao
último grão-mestre, Jacques de Molay, e aos demais cavaleiros, suscitou a
reação damonarquia francesa, de tal forma que obrigou o papa Clemente V a uma
discussão ambígua, sancionada em 1312, durante o Concílio de Vienne, pela bula
Vox in excelso, a qual declarava que o processo não havia comprovado a acusação
de heresia.
Após a descoberta nos Arquivos do
Vaticano, da acta de Chinon, assinada por quatro cardeais, declarando a vontade
de dar a inocência dos Templários, sete séculos após o processo, o mesmo foi
recordado em uma cerimónia realizada no Vaticano, a 25 de outubro de 2007, na
Sala Vecchia do Sínodo, na presença de Monsenhor Raffaele Farina, arquivista
bibliotecário da Santa Igreja Romana, de Monsenhor Sergio Pagano, prefeito do
Arquivo Secreto do Vaticano, deMarco Maiorino, oficial do Arquivo, de Franco
Cardini, medievalista, de Valerio Manfred, arqueólogo e escritor, e da
escritora Barbara Frale, descobridora do pergaminho e autora do livro "Os
templários".
O Grão Priorado de Portugal esteve
representado por Alberto da Silva Lopes, Preceptor das Comendadorias e Grão
Cruz da Ordem Suprema e Militar dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de
Salomão.[carece de fontes]
Considerações finais
A destruição da Ordem do Templo
propiciou ao rei francês não apenas os tesouros imensos da Ordem (que
estabelecera o início do sistema bancário), mas também a eliminação do exército
da Igreja, o que o tornava senhor rei absoluto, na França.
Nos demais países a riqueza da
ordem ficou com a Igreja Católica.
Na sua ira, DeMolay teria chamado
o rei e o Papa a encontrá-lo novamente diante do julgamento de Deus antes que
aquele ano terminasse - apesar de este desafio não constar em relatos modernos
da sua execução. Filipe o Belo e Clemente V morreram ainda no ano de 1314. Esta
série de eventos formam a base de "Les Rois Maudits" ("Os Reis
Malditos"), uma série de livros históricos deMaurice Druon. Ironicamente,
Luís XVI de França (executado em 1793) era um descendente de Felipe O Belo e de
sua neta, Joana II de Navarra.
A Ordem do Templo e a historiografia
O fato de nunca ter havido uma
oportunidade de acesso aos documentos originais dos julgamentos contra os
templários motivou o surgimento de muitos livros e filmes, com grande
repercussão pública, porém, sem nenhum fundamento histórico. Por este mesmo
motivo, muitas sociedades secretas, como a Maçonaria, se proclamam
"herdeiras" dos templários.
A obra "Processos contra
templários", publicada pela Biblioteca Vaticana, restaura a verdade
histórica sobre Os Cavaleiros da Ordem do Templo, conhecidos como templários,
cuja existência e posterior desaparecimento foram motivo de numerosas
especulações e lendas.
Os Pergaminho de Chinon são
relativos ao processo contra os templários, realizados sob o pontificado do
Papa Clemente V, cujos originais são conservados no Arquivo Secreto do
Vaticano. O principal valor da publicação reside na perfeita reprodução dos
documentos originais do citado processo e nos textos críticos que acompanham o
volume; explicam como e por que o pontíficeClemente V absolveu os Templários da
acusação de heresia e suspendeu a Ordem sem dissolvê-la, reintegrando os altos
dignitários Templários e a própria Ordem na comunhão da Igreja.
Lendas e relíquias
A destruição do arquivo central
dos Templários (que estava na Ilha de Chipre) em 1571 pelos otomanos[carece de
fontes] tornou-se o principal motivo da pequena quantidade de informações
disponíveis e da quantidade enorme de lendas e versões sobre sua história.
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